Apresentação
“Aquele que lê muito e anda muito, vê muito e sabe
muito” –– é o que nos assegura Cervantes no Dom Quixote.
O livro, um dos dispositivos fundadores da modernidade, é clara
evidência desse novo tempo do conhecimento. Mas ao deixarem de
ser meras ilustrações de livros, são os mapas que permitiriam
“andar muito”, ou seja, viajar e explorar, outorgando aos
europeus a hegemonia do saber planetário. Ao lado de instrumentos
indispensáveis às grandes viagens e descobertas, como o sextante
e o astrolábio, a cartografia contribui decisivamente para
realizar a vocação “pantométrica” do Ocidente: medição
universal e controle territorial do planeta.
A documentação cartográfica da Biblioteca Nacional
remonta à Antiguidade Clássica, contida em obras impressas a
partir do século XV. Mas
o principal acervo de mapas raros, manuscritos, gravados ou
impressos, se estende do século XVI ao século XVIII, acrescido
ao longo dos tempos por incorporação de importantes coleções
particulares. É precisamente este acervo –– 1517 mapas
restaurados, analisados, catalogados e digitalizados –– que a
Biblioteca Nacional põe agora à disposição do público na
Internet, graças ao Projeto Biblioteca Virtual da Cartografia
Histórica dos Séculos XVI a XVIII. Informações únicas
sobre a expansão territorial nos vários continentes estarão
doravante ao alcance tanto da comunidade científica nacional e
internacional quanto do grande público.
Muniz Sodré
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