Le positivisme, esquisse d'un tableau de la fondation de la religion...Teixeira Mendes t.1
Le positivisme, esquisse d'un tableau de la fondation de la religion...Teixeira Mendes t.2
Le positivisme, esquisse d'un tableau de la fondation de la religion...Teixeira Mendes t.3
Discours d'ouverture du cours de philosophie positive ([Reprod.])...Comte, Auguste (1798-1857), 1829
Ordem e Progresso
“O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”. “O progresso é o desenvolvimento da ordem”. Duas das máximas mais importantes de Augusto Comte, filósofo francês, nascido no ano de 1798, demonstram claramente algumas das idéias básicas da doutrina positivista, e sua influência na construção do Brasil Republicano.
O positivismo, linha teórica sociológica criada por Comte, surgiu no século XIX como contraponto ao racionalismo abstrato do liberalismo, e atuou como pensamento dominante a partir da segunda metade dessa centúria. Buscava explicar questões práticas da humanidade, dando ênfase à experiência, e procurava aprimorar o bem-estar intelectual, material e moral do homem, através da utilização de novos métodos para o exame científico dos problemas da sociedade.
Característica fundamental dessa forma de pensamento, o conceito de evolução funciona como lei basilar dos fenômenos empíricos, agindo como diretriz para todos os fatos humanos, e estabelecendo uma seleção natural, que eliminaria as imperfeições. Nesse sentido, então, o progresso surge como eixo central do positivismo.
A ordem, também lema estruturante, se explica na medida em que a corrente positivista mostra-se avessa a qualquer tipo de violência para alcançar a transformação social. As ações deveriam ser baseadas na persuasão e fundamentadas na moral positiva, que procura aperfeiçoar as ações práticas e intelectuais dos indivíduos, de forma a torná-los organismos mais bem preparados para a atuação em sociedade.
Na dinâmica social, o positivismo prega a divisão em classes, e preocupa-se em enfrentar o individualismo da sociedade liberal, através da ordem e do progresso, considerados os ideais básicos de todo sistema político. Os paradigmas positivas tiveram ampla acolhida na Europa, e também em várias regiões fora do continente, como no Brasil. O país, que passava por profundas transformações no final do Oitocentos, utilizou-se do pensamento positivista para embasar movimentos políticos e sociais que fervilhavam na nação que se formava. O positivismo teve, principalmente, papel de destaque como referencial para a campanha pela abolição da escravatura e a para o desenvolvimento do republicanismo.
Do Império à República: o Brasil foi o único país da América que se tornou independente e manteve o regime monárquico, que se estendeu de 1822 a 1889. A partir de meados de 1850, com o fim do tráfico de cativos, acendia-se a polêmica acerca da escravidão, ao mesmo tempo em que começava a ganhar forma o movimento republicano. Nesse mesmo período, difundia-se, na Europa, o positivismo, com a fundação, em 1848, da Sociedade Positivista, instituída por Comte. Já no Brasil, antes mesmo da proclamação da República, criou-se, no ano de 1881, o Apostolado e a Igreja Positivista, instalada na cidade do Rio de Janeiro. A fachada da edificação foi inspirada no Pantheon, de Paris e, na entrada, uma rosa dos ventos, colocada na entrada do templo, indica a direção da capital francesa, país onde surgiu o pensamento positivista. Miguel de Lemos, fundador da instituição, chamada de Templo da Humanidade, foi um dos principais incentivadores do positivismo no Brasil, juntamente com Benjamin Constant e Raimundo Teixeira Mendes.
Os ideais de ordem e progresso, a preocupação com a moral, e o sentido de evolução da corrente positivista encaixavam-se muito bem nos ideais republicanos e abolicionistas brasileiros, e fundamentaram, assim, a construção da República Federativa do Brasil.
A legitimação da República recém instaurada utilizou-se de diversos elementos constantes da doutrina positivista, e teve como ápice de sua influência a inscrição do lema “Ordem e Progresso” na bandeira nacional. A idéia para a constituição da bandeira foi dada por Teixeira Mendes, então presidente do Apostolado Positivista do Brasil, com colaboração de Miguel de Lemos e de Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica. Representavam-se, assim, os ideais republicanos, que tinham como intuito primordial promover a ordenação e o desenvolvimento do país, buscando escapar do atraso representado pelo extinto governo imperial.