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Álbum do Rio de Janeiro Moderno. Sisson
Album de photogravuras do Rio de Janeiro. Leuzinger
Bertholletia Excelsa. Florence
Deux années au Brésil. Biard
Brazil pittoresco. Ribeyrolles
Relatos de viagem
Os historiadores costumam utilizar a categoria “viajantes” para se referirem aos estrangeiros que estiveram no Brasil e que deixaram algum tipo de relato escrito ou iconográfico sobre a natureza ou os costumes do país. Nessa categoria se incluem religiosos, militares, comerciantes, imigrantes, naturalistas, artistas, diplomatas ou simplesmente curiosos e aventureiros. As narrativas de viagem são igualmente desiguais. Alguns textos foram resultado de um elaborado processo de redação, que pode ter durado anos, como é o caso dos notáveis livros intitulados Voyages dans l’intérieur du Brésil, escritos por Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853). Outras descrições de viagem são notas tomadas sem compromisso ou sem sistematicidade. Muitos relatos nunca foram publicados na época em que foram escritos e ainda restam alguns manuscritos inéditos. Há também inúmeras cartas de viajantes, publicadas em periódicos, como a Revue des deux mondes, que foi um dos principais veículos de divulgação de informações variadas sobre lugares “exóticos”, a partir do ponto de vista europeu. Algumas descrições do Brasil eram resultado de muitos anos de estada no país, outras, de algumas semanas, ou mesmo dias, como é o caso das grandes expedições de circunavegação. No século XVIII, Bougainville, parou em Santa Catarina, a caminho das Malvinas, com o religioso Antoine-Joseph Pernety e no Rio de Janeiro, em sua viagem ao Taiti, com o naturalista Philibert Commerson. La Pérouse, em sua trágica viagem ao redor do mundo, ancorou por menos de quinze dias em Santa Catarina.
O século XIX, inaugurado pela chegada da corte portuguesa ao Brasil, não rompe totalmente com os temas e interpretações tradicionais das viagens. Desde os tempos coloniais, um dos aspectos característicos da produção dos viajantes é o papel central que ocupa a descrição da Natureza em seus relatos e produções iconográficas. A compreensão da Natureza é o ponto de partida para a análise de qualquer sociedade. A tradição intelectual da Europa moderna associa sistematicamente o aspecto físico e climático de um país aos seres vivos que aí se encontram. Daí vem a importância da caracterização do Brasil como pertencente à zona tórrida, ou aos trópicos. Os costumes dos indígenas brasileiros – chamados de selvagens –, a luxuriante vegetação das florestas, a diversidade da fauna, a preguiça ou a sensualidade da população são vistas pela literatura de viagens como características naturais do país. Desse modo, um lugar é composto ao mesmo tempo por seres vivos, coisas, elementos culturais e morais. Este modelo interpretativo pode ser percebido na produção tanto de naturalistas quanto de artistas que acompanhavam as expedições científicas.
As tensões políticas entre França e Portugal tornavam a acolhida dos navios franceses bastante duvidosa, quando não proibida. Depois de 1815, com a Paz de Viena, os franceses, e europeus em geral, passam a incluir o Brasil como destino de suas viagens. Para a polícia, o fato de ser francês já atraía desconfiança, mas os diplomatas, naturalistas e pessoas de posição eram bem tratados pelos brasileiros. Ao longo do século XIX, os alguns dos principais franceses que visitaram o Brasil e deixaram algum tipo de relato foram Ferdinand Denis, Auguste de Saint-Hilaire, Hercule Florence, Alfred Martinet, Francis de Castelnau, Alcide d’Orbigny, Dumont d’Urville, Freycinet, Conde de Suzannet, Emile Adet e o Conde de Gobineau.